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RESENHA A MULHER REI

  • Foto do escritor: Angers Moorse
    Angers Moorse
  • 26 de out. de 2022
  • 4 min de leitura
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Salve salve, aventureiros e aventureiras de Atlântida!

Nesta semana, consegui assistir ao filme A Mulher Rei, lançado nos cinemas em 22 de setembro deste ano e tendo como diretora Gina Prince-Bythewood. Pelos trailers, prometia ser épico e emocionante e me deixou muito empolgado para ver. Pois bem, eis que me deparo, simplesmente, com o melhor filme de 2022!

Falando sobre os aspectos técnicos, não tenho uma crítica sequer. Figurino, maquiagem, fotografia, cenários, iluminação, trilha sonora, …, tudo foi perfeito em cada mínimo detalhe. A própria questão da não utilização de CGI e as locações reais trazem maior imersão e profundidade à história, baseada em uma história real (se você não sabe).

O grupo de guerreiras chamado Agojie realmente existiu e formava um dos regimentos militares do Reino de Daomé, atual Benin, na África Ocidental, entre os séculos 17 e 19. O grupo era formado por mulheres forjadas para a luta e atuava como exército particular do Rei contra a invasão de exércitos colonizadores majoritariamente europeus. E a história por trás delas é extremamente assustadora, violenta e perturbadora. Ou elas eram decapitadas ou recrutadas para unidades militares já a partir dos oito anos de idade, impedidas de fazer sexo, se casar ou ter filhos.

O que mais impressiona no filme é o fato de, mesmo sendo uma obra fictícia baseada (ou inspirada) nessa história real, a profundidade do roteiro e as atuações impecáveis do elenco praticamente nos fazem acreditar que aquelas atrizes não eram simplesmente profissionais atuando, mas sim, mulheres que realmente haviam experienciado aquela história em suas vidas. Cada grito, lágrima, risada ou fala é um soco no estômago e nos provocam as mais diversas e inquietantes sensações.

Falando do elenco, é desnecessário dizer que Viola Davis foi impecável no papel da General Nanisca, líder das Agojie, afinal, quando ela não é impecável? Mas não é só ela quem se destaca. Lashana Lynch (Izogie), Thuso Mbedu (Nawi), Jayme Lawson (Shante), Sheila Atim (Amenza) e Masali Baduza (Fumbe) também arrasaram nos papéis e interpretações. Particularmente, minhas personagens favoritas foram Nanisca, Izogie, Nawi e Amenza, mas não tem como não fazer milhares de elogios a todas as outras mulheres que atuaram no filme.

E não ficou somente dentro do núcleo feminino a imponência das atuações. John Boyega (Rei Ghezo), Jordan Bolger (Malik), Jimmy Odukoya (Oba Ade) e Hero Fiennes Tiffin (Santo Ferreira) também foram perfeitos nas atuações e na pancadaria também. Aliás, esse é outro ponto que me impressionou muito no filme. Se alguém falar para você que mulher é sexo frágil e que não sabe lutar ou não tem força, sugira ao desavisado assistir ao making-of do filme e ver a preparação física à qual as atrizes foram colocadas… é surreal!

Em entrevista, a atriz Viola Davis fala sobre sua preparação física para viver a General, incluindo muitas horas de academia, alimentação rigorosa e muitos treinamentos e suor, seja nas lutas com cordas, espadas, facões e lanças. A velocidade, força e precisão delas em cada movimento no filme é impressionante e assustadora e nos tira totalmente da zona de conforto em relação ao nosso sedentarismo. Isso me lembrou muito o treinamento feito pelo ator Dwayne “The Rock” Johnson fez para viver Adão Negro.

Mais um ponto muito positivo do filme é que sempre tentam colocar um casal no filme e em dada cena, quase achei que fariam essa besteira. Para minha felicidade, não o fizeram e confesso que fiquei muito aliviado por isso, pois achava desnecessário. Embora Nawi e Malik tenham se encantado um pelo outro, sinceramente, teria ficado muito forçado um romance consumado entre eles. Mais um ponto positivo na lista.

Outra coisa que surpreendeu é a quantidade de camadas de cada personagem, suas histórias e relacionamentos anteriores. E quando você descobre o porquê de Nanisca e Izogie serem essas forças brutais, acaba se encantando ainda mais por elas. E teve um fato que me deixou muito surpreso no decorrer da trama, não somente pelo fato em si, mas pela forma como foi trabalhado dentro dessas camadas… prefiro não revelar spoilers para não estragar a experiência para quem ainda não viu, mas só posso dizer que foi incrível.

E se você acha que teve lacração, mimimi ou algo do tipo, pode ficar tranquilo. O filme é muito político (e politizado) e traz em si forte crítica social, mas nada feito com o intuito de lacrar ou mostrar à força a importância das mulheres. Nada disso, ele traz a verdade nua e crua de uma época que, em suas entrelinhas, ainda está por aí em nossos tempos. E mais, deixa algumas reflexões muito interessantes.

Ah, antes que eu esqueça, teve pancadaria e violência, sim. Muitos crânios expostos, cabeças decepadas, corpos dilacerados, sangue rolando pra todo lado, muitos golpes e lutas intensas e de tirar o fôlego. Sério, tem horas em que você realmente fica sem piscar ou respirar, grudado na poltrona. Ah, e as coreografias das danças típicas também foram sensacionais, tanto nos ritos de passagem, batismo e comemorações quanto nas danças antes de irem às batalhas.

O que achei? Sem medo de errar, digo que é o melhor filme de 2022 disparado e, sinceramente, não sei se Pantera Negra: Wakanda Forever ou Avatar: O Caminho da Água me farão mudar de opinião. Fiquei arrepiado do início ao fim e lacrimejei os olhos em duas cenas. Viola Davis merece o Oscar de Melhor Atriz e Lashana Lynch ou Thuso Mbedu de Melhor Atriz Coadjuvante, além do Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Direção.

Se você gosta de filmes baseados em fatos reais, com muita ação e emoção, mas sem o compromisso de ser um filme lacrador ou formador de opinião, A Mulher Rei é o filme certo. Desde a primeira cena até seu final, tudo é muito intenso e emocionante. Ah, e ainda tem uma cena pós-créditos, por incrível que pareça, colocando a cerejinha em cima do bolo. Já entrou no meu Top10 de melhores filmes, sem sombra de dúvidas!

E você, já curtiu o filme? Sabia da história real que o inspirou? Deixe seu comentário a respeito. Ah, e acompanhem nossas resenhas porque as próximas semanas terão muito conteúdo bacana, incluindo a resenha de Adão Negro (COM SPOILERS). Respire fundo e voe alto!

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